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Após degelo no Ártico, Antártica tem congelamento recorde, diz instituto

.. quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Centro informa que gelo na área atingiu 19,44 milhões de km² em 2012. Fenômenos no Ártico e na Antártica têm razões diferentes, dizem cientistas.


Cerca de um mês após o anúncio do maior derretimento de gelo já registrado no Ártico, o Centro Nacional de Informações de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês) liberou dados que mostram que a cobertura congelada na região da Antártica bateu recorde neste ano com relação aos anos anteriores.
Segundo o NSIDC, o congelamento nos mares e arredores da Antártica atingiu 19,44 milhões de km² em 2012, mais do que o último recorde, de 19,39 milhões de km² em 2006. Cientistas afirmam que a extensão máxima de gelo na Antártica varia muito de ano a ano, mas dizem ter identificado uma tendência de crescimento de 0,9% no congelamento a cada década.
Mapa mostra gelo ao redor da Antártica em 26 de setembro, dia de maior congelamento; traço amarelo mostra extensão média registrada de gelo (Foto: Divulgação/Nasa/NSIDC)Mapa mostra congelamento ao redor da Antártica em 26 de setembro, dia de maior gelo; o traço amarelo mostra a extensão média de gelo registrado entre 1979 e 2000 na região (Foto: Divulgação/Nasa/NSIDC)
As informações foram divulgadas pela agência espacial americana (Nasa) na última semana, e o recorde de congelamento foi registrado no dia 26 de setembro. Cientistas da agência que estudaram os dados dizem ter calculado um aumento anual de gelo na Antártica de 17,1 mil km² aproximadamente, entre 1979 e 2010.
Algumas regiões da Antártica tiveram congelamento maior, enquanto outras perderam gelo, dizem os cientistas. Eles apontam não haver relação direta entre o ocorrido na Antártica e o derretimento no Ártico.
Para os pesquisadores, os fenômenos na Antártica e no Ártico tem razões diferentes. Enquanto o crescimento de gelo antártico pode estar vinculado "aos ventos, à queda de neve e ao frio", o derretimento no Ártico "está mais claramente ligado ao aquecimento climático registrado ao longo das décadas".
Processos diferentes
Segundo os cientistas, "tratam-se de dois processos diferentes", um ocorrendo no verão (no caso do Ártico) e outro no inverno (no caso da Antártica). Não há, também, evidências de que o fenômeno significaria que não esteja havendo aquecimento global.
Em entrevista ao blog "Earth Observatory", da Nasa, a cientista Claire Parkinson, especialista em congelamento oceânico, disse que "a magnitude de perda de gelo no Ártico excede consideravelmente a magnitude do gelo ganho na Antártica".
"Os dois hemisférios tem muita variabilidade [de gelo] durante o ano, então em qualquer um dos polos é possível que no próximo ano haja mais ou menos gelo do que o registrado neste ano", disse Parkinson.
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PF faz operação contra tráfico de animais em quatro estados

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20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em SP, RS, PE e MG. Nove pessoas foram presas e mais de 570 animais, apreendidos.


Mais de 570 animais foram apreendidos durante operação em quatro estados (Foto: Divulgação/Polícia Federal)Mais de 570 animais foram apreendidos durante operação (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (17) uma operação para coibir o tráfico de animais silvestres em quatro estados brasileiros. A Operação Cipó, que foi articulada com o Ibama e com a Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo, cumpriu 20 mandados de busca e apreensão no estado paulista, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e em Minas Gerais. Nove pessoas foram presas e pelo menos 20 serão indiciadas.
O inquérito policial foi instaurado há cerca de um ano. Foram identificados diversos indivíduos que retiram os animais silvestres da natureza, além de transportar, distribuir e comercializar os bichos de modo irregular. As atividades da quadrilha envolviam inclusive aves e primatas ameaçados de extinção.
Operação contra tráfico de animais ocorreu em quatro estados (Foto: Divulgação/Polícia Federal)Operação contra tráfico de animais ocorreu em
quatro estados (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Dos 20 mandados expedidos pela 8º Vara Criminal Federal de São Paulo, 16 foram cumpridos na capital paulista e em Diadema, Francisco Morato, Guarulhos, Embu das Artes, Embu-Guaçu e Itaquaquecetuba, na região metropolitana. Os outros foram cumpridos em Uruguaiana (RS), Caruaru(PE), Alagoinha (PE) e Belo Horizonte(MG). Além das prisões das nove pessoas, a polícia apreendeu documentos, duas armas de fogo e mais de 570 animais selvagens, entre papagaios, tucanos e tigres d’água.
Segundo a Polícia Federal, os presos e os demais indiciados responderão, conforme suas ações, pelo crime de caça profissional de animais silvestres, por possuir, transportar ou ocultar animais silvestres, previstos na Lei dos Crimes Ambientais, por receptação qualificada para comércio, por posse ilegal de arma de fogo e por formação de quadrilha. As penas variam de 3 meses a 6 anos de prisão, que podem ser somadas, de acordo com as condutas de cada um.
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Cientistas apontam existência de dentes em peixe pré-histórico

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Estudo na 'Nature' indica que até vertebrados primitivos possuíam dentes. Peixe placodermo é um dos mais antigos vertebrados a ter mandíbula.


Cientistas analisaram fósseis de um tipo de peixe pré-histórico, conhecido como placodermo, para estudar as origens de dentes e das mandíbulas nos vertebrados. O estudo, publicado na edição online da revista "Nature" desta quarta-feira (17), foi realizado pela Universidade de Bristol, pelo Museu de História Natural de Londres (ambos na Grã-Bretanha), pela Universitade de Curtin, na Austrália, e pela Universidade de Zurique, na Suíça.
O peixe, da classe Placodermi, é um dos mais antigos vertebrados conhecidos a ter mandíbula, de acordo com o estudo. Os cientistas, no entanto, confirmaram no estudo que estes animais deveriam possuir dentes verdadeiros, com dentina e cavidade para a polpa. Até agora, pesquisadores acreditavam que eles possuíam estruturas que imitavam dentição ou, até, não possuíam dentes de forma alguma.
Escultura reconstrói como seria um peixe da classe 'Placodermi' (Foto: Divulgação/Esben Horn/"Nature")Escultura mostra como seria um peixe da classe 'Placodermi' (Foto: Divulgação/Esben Horn/"Nature")



























Apesar da descoberta, o estudo aponta que as mandíbulas dos Placodermi eram primitivas em comparação com outros vertebrados e que sua forma de substituição dos dentes perdidos era diferente de outros animais.
O estudo aponta que os dentes estiveram presentes até nos vertebrados mais primitivos, ao contrário do que se imaginava. "Ossificações dentais superiores e inferiores ocorrem nos placodermos", disseram os cientistas na pesquisa publicada na "Nature". Estes peixes, avaliam os pesquisadores, "são cruciais para entender a evolução dos dentes e mandíbulas".
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Governo inclui dois municípios em lista de desmatadores da Amazônia

.. quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Anapu e Senador José Porfírio, no PA, terão fiscalização maior. Portaria do Ministério do Meio Ambiente retirou outros dois municípios.


O Ministério do Meio Ambiente publicou nesta quarta-feira (3) no “Diário Oficial da União” portaria que inclui Anapu e Senador José Porfírio, no Pará, na lista dos municípios que mais desmatam a Amazônia. Na mesma edição, outra portaria do MMA retirou da mesma lista Ulianópolis e Dom Eliseu, também municípios paraenses.
Criada em 2007, a relação tem o objetivo de aumentar a fiscalização do governo federal nessas localidades para combater ilegalidades. As cidades que são incluídas sofrem sanções como a não liberação de crédito agrícola a produtores rurais. Atualmente, 46 cidades têm fiscalização priorizada no ministério, distribuídas pelos estados do Pará, Mato Grosso, Roraima, Amazonas, Rondônia e Maranhão.
Para elaborá-la, são levadas em conta as taxas de devastação da floresta amazônica dos últimos três anos, divulgadas pelo sistema anual Prodes, além do sistema de monitoramento de desmatamento em tempo real da Amazônia (Deter), ambos mantidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com os registros do Inpe, até 2011 Anapu desmatou 2.239 km² (equivalente a 18% da área total do município), enquanto em Senador José Porfírio houve a perda de 783,5 km² até o ano passado – equivalente a metade do tamanho do município de São Paulo.
Financiamento agrícola suspenso temporariamente
De acordo com Justiniano de Queiroz Netto, secretário do programa Municípios Verdes, do governo do estado do Pará, a localidade que entra na “lista negra” sofre embargo econômico “não oficial”, ou seja, muitos deixam de comprar produtos daquela localidade. “Isso gera um incômodo, o que fará com que a cidade se movimente para mudar a realidade”.
Para saírem da lista, os municípios têm que cumprir três requisitos dispostos na Portaria nº186 de 04 de junho de 2012, do MMA. O primeiro deles refere-se ao Cadastramento Ambiental Rural (CAR), segundo o qual a cidade tem de ter 80% do seu território com imóveis rurais devidamente cadastrados, excetuando-se as áreas cobertas por unidades de conservação de domínio público e terras indígenas.
O segundo e o terceiro quesitos referem-se ao desmatamento no município, que, em 2011, tem que ser igual ou menor a 40 km². Além disso, a média do desmatamento dos períodos de 2009/10 e 2010/11 (o “calendário do desmatamento” começa no meio do ano) precisa ter sido igual ou inferior a 60% em relação à média do período de 2006/07, 2007/08 e 2008/09.
“É importante sinalizar quais são as áreas onde ocorrem as maiores taxas de desmatamento. A consequência da lista é saber qual é a natureza do desmate”, complementa Netto.
Assentados denunciam extração ilegal de madeira em Anapú, no Pará (Foto: Reprodução / TV Liberal)Madeira desmatada ilegalmente em assentamento agrário de Anapú, no Pará (Foto: Reprodução / TV Liberal)
Inclusão na lista é contestada
As prefeituras de Anapu e Senador José Porfírio contestaram a inclusão dos municípios na relação do ministério do Meio Ambiente, já que, segundo elas, medidas para reduzir as taxas de desmate estão sendo providenciadas.
De acordo com Maria Saloma Mendes de Oliveira, secretária de Meio ambiente de Senador José Porfírio, as atividades agropecuárias foram as principais causadoras do desmatamento detectado pelo Inpe.
Ela afirma que em 26 de junho a cidade firmou um pacto com produtores agrícolas e representantes de outros setores econômicos que estabelece a redução de até 70% do desmatamento e da incidência de queimadas na cidade. “Vamos ter que fazer valer a pena esse pacto e a sociedade tem que ter conhecimento de que é preciso melhorar o índice”.
Entretanto, ela afirma que grande parte da degradação tem ocorrido em áreas que estão fora do controle de fiscalização da prefeitura, em assentamentos agrícolas pertencentes ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Bruno Kempner, secretário de meio ambiente de Anapu, não concorda com a inclusão da cidade na lista e cita também que as maiores perdas de vegetação detectadas ocorreram em assentamentos de reforma agrária. “Nós estamos fazendo a nossa parte. As áreas do projeto de assentamento são de responsabilidade do Incra, onde quem desmata são os próprios agricultores. As cidades têm poder limitado de fiscalização”, disse Kempner.


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Cientistas afirmam ter encontrado novas espécies de animais no Peru

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Foram identificados 8 novos mamiferos e 3 novos anfíbios, diz pesquisador. Área onde animais foram encontrados fica próxima à fronteira com Equador.


Cientistas da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) afirmam ter encontrado novas espécies de animais em um santuário ao norte do Peru. Foram identificados um macaco de hábitos noturnos, um novo marsupial, várias espécies de roedores e um porco-espinho, além de três espécies de anfíbios. Apenas os anfíbios já foram descritos cientificamente.
A região onde os animais foram encontrados fica próxima à fronteira com o Equador, dentro do Santuário Nacional Tabaconas-Namballe, segundo relato do pesquisador Gerardo Ceballos González, do Instituto de Ecologia da Unam, publicado no site da universidade.
Macaco (à esquerda) e marsupial (à direita) descobertos em santuário ao norte do Peru (Foto: Divulgação/Alexander Pari/Kateryn Pino/Unam)Macaco (à esq.) e marsupial (à di.) descobertos em santuário ao norte do Peru (Foto: Divulgação/Alexander Pari/Kateryn Pino/Unam)
O "diário de bordo" de González relata terem sido encontradas oito novas espécies de mamíferos, além de três anfíbios. "Esta é uma das mais importantes descobertas da biodiversidade dos últimos anos, porque todas as espécies foram encontradas em uma área muito pequena", disse o cientista ao site da Unam.
Espécies similares ao primata descoberto no Peru recebem o nome popular, no Brasil, de macaco-da-noite. Ao menos duas espécies - o macaco-da-noite andino e o colombiano - são classificadas como vulneráveis na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A expedição foi realizada entre 2009 e 2011, mas só agora o resultado foi divulgado, de acordo com González. A espécie de porco-espinho chama a atenção por seu grande tamanho e por possuir longos espinhos negros nas pontas, aponta o cientista.
O pesquisador indica que outro animal encontrado pode representar o espécime de raposa cinzenta mais ao sul já registrado nas Américas. "É provável que seja uma nova espécie", disse González ao site da Unam.
Porco-espinho encontrado por pesquisadores em santuário (Foto: Divulgação/Alexander Pari/Unam)Porco-espinho encontrado por pesquisadores no
Peru (Foto: Divulgação/Alexander Pari/Unam)
O pesquisador indica que os cientistas tiveram que seguir 18 horas por estradas no Peru desde áreas de selva até os Andes, além de andar duas horas a pé, antes de chegar ao santuário. O parque mede 32 mil hectares e fica em uma região de grande altitude, com trechos entre 1,8 mil e 3,2 mil metros acima do nível do mar, diz o cientista.
González ressaltou, em seu relato, que a expedição foi acompanhada por pesquisadores peruanos. O santuário, aponta ele, exige atenção especial de ONGs e entidades que atuam contra a extinção de animais pelo planeta, "já que há várias espécies que parecem ser encontradas apenas ali".
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Atual emissão de gases deve elevar oceano em mais de 1 m, diz estudo

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Previsão de cientistas é que nível do mar suba 1,1 m até o ano 3.000. Maior parte do gelo derretido deve ser proveniente da Groenlândia.


Estudo publicado nesta terça-feira (2) no jornal científico “Environmental Research Letters” afirma que as atuais emissões de gases causadores do efeito estufa já poderão provocar um aumento irreversível da temperatura, que fará o nível do mar subir por milhares de anos.
De acordo com a investigação científica conduzida por um grupo de pesquisadores europeus, os gases liberados até agora na atmosfera por atividades humanas será responsável pela elevação do mar em 1,1 metro até o ano 3.000.

Entretanto, para os pesquisadores os danos podem ser ainda piores se o cenário atual de emissões (chamado de A2) prosseguir nos próximos anos.
De acordo com especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), se nada for feito para mudar o ritmo de poluição e lançamento de gases impactantes, poderá ocorrer um aumento de temperatura entre 2 °C e 5,4° C até 2100 e a elevação do mar em 6,8 metros nos próximos mil anos.
Toda ação tem uma reação
Segundo o professor Philippe Huybrechts, um dos autores do estudo, a atual inércia da sociedade vai impactar a longo prazo as camadas de gelo e o nível do mar.

Em todos os cenários pesquisados – alguns com aumento de temperatura maior, outros com um aquecimento em menor magnitude – o gelo derretido na Groenlândia será responsável por mais da metade da subida do nível do mar.
O artigo diz ainda que é preciso limitar a concentração de gases causadores do efeito estufa rapidamente, já que é a única opção realista para mitigar o impacto da mudança do clima. “Quanto menor o aquecimento, menos grave será a consequência para o planeta”, conclui o professor.
Estudos recentes afirmam que espécies que vivem no Ártico, como o urso polar, focas e crustáceos, precisam se adaptar ao constante degelo ou podem desaparecer para sempre devido ao aumento da temperatura do planeta. (Foto: Danile Beltra/Greenpeace/AFP)Embarcação de ONG navega por icebergs do Ártico.
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Focos de incêndio crescem 62% em áreas de proteção ambiental, diz Inpe

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Número de pontos de fogo subiu de 6,7 mil em 2011 para 10,8 mil em 2012. Aumento está ligado ao clima seco e a práticas criminosas, diz pesquisador.


O número de focos de incêndio em áreas de proteção ambiental subiu 62% com relação ao ano passado, aponta o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Levantamento feito, a partir de dados do Inpe, mostra que a quantidade de focos de queimadas em unidades de conservação (UCs) federais e estaduais chegou a 10.864 entre 1º de janeiro e 20 de setembro de 2012, bem mais do que o registrado no mesmo período de 2011, quando 6.708 focos foram identificados pelo monitoramento via satélite do instituto.

Até 24 de setembro, apenas as unidades de conservação federais perderam 8.500 km² de vegetação devido às queimadas -- uma área sete vezes maior que o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.

O número seria ainda maior se fossem somadas as perdas em unidades estaduais, mas não há informações sobre essas áreas. Atualmente, o país tem 1.278.190 km² do território englobado por UCs -- cerca de 15% do território nacional.
O crescimento do número de focos de calor (pontos captados pelos satélites com temperatura acima de 47º C e área mínima de 900 m²) está ligado principalmente ao clima seco e a práticas de incêndio muitas vezes ilegais em áreas próximas ou dentro das áreas de proteção, pondera o pesquisador do Inpe Alberto Setzer, responsável pelo monitoramento.
Foto de arquivo mostra incêndio em área de proteção na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, em 2009 (Foto: Antônio Scorza/AFP/Arquivo)Foto de arquivo mostra incêndio em área de proteção na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, em 2009 
"Este número é alto com relação ao ano passado e um pouco menor que em 2010. Unidade de preservação existe com essa função, de preservar, então não deveria haver fogo", diz Setzer, ressaltando que há exceções, como alguns locais em que se estuda e se realiza o manejo do fogo no solo.
As cinco áreas de proteção "campeãs" em focos de incêndio estão nos estados do Maranhão, Tocantins e Pará. Juntas, elas respondem por 3.778 pontos de queimadas, quase 35% do total neste ano.
As unidades mais sensíveis a incêndios ficam em áreas de cerrado, na região central do país e ao sul da Amazônia, aponta o coordenador de emergências ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Christian Berlinck. O ICMBio é responsável pela gestão das unidades de conservação federais.
Berlinck concorda que o clima seco é um dos grandes fatores para o aumento dos focos de queimadas. "Este é um ano mais seco do que os anteriores. Houve um tempo de seca maior, uma desidratação maior do que em outros anos. Isso acaba aumentando a área atingida", pondera.
O coordenador do ICMBio ressalta, no entanto, que o causador do fogo não é o clima, mas o homem. Ele aponta tanto causas criminosas quanto acidentes e descuido das pessoas como a origem dos incêndios. "Eu fui chefe do Parque Nacional da Chapada Diamantina [na Bahia] e vou te dar um exemplo. Neste ano teve incêndio no parque porque um turista se perdeu, e, para chamar atenção e ser resgatado, ele colocou fogo no mato", diz ele, citando um caso em que o incêndio não foi criminoso.
O horário crítico de incêndios em áreas de vegetação é às 11h, segundo o coordenador do ICMBio. Quando a queimada começa neste horário, os ventos estão fortes e a temperatura do dia, elevada, o que dificulta o combate ao fogo. "O fogo se alastra mais nesse horário. Quando começa às 15h ou 16h, começa a esfriar", o que facilita o trabalho, diz Berlinck.
Pior mês
O mês em que costumam ocorrer mais focos de queimadas é setembro, afirma Fabiano Morelli, também pesquisador do Inpe. "Existe um certo ciclo, conforme a região e o estado. Julho, agosto começa a seca. Setembro é o pior mês de todos. De outubro para a frente [a seca] começa a diminuir", pondera ele.
"A gente teve quase três meses sem chuvas em alguns lugares, como Minas e Tocantins, o que agravou bastante a situação", diz o coordenador do ICMBio. O instituto é um dos órgãos que integram uma força-tarefa de combate ao fogo, o Ciman (Centro Integrado MultiAgências de Coordenação Operacional). Também participam as Forças Armadas, a Polícia Federal, a Defesa Civil, a Fundação Nacional do Índio (Funai), os Corpos de Bombeiros estaduais e outras instituições.
O pesquisador Setzer aponta que 2010 foi ainda pior em focos de queimadas, já que foi um ano mais seco do que até agora em 2012. Pelos dados do Inpe, foram registrados 13.511 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 20 de setembro do ano retrasado, número 24,3% maior do que os identificados neste ano.
Imagem de arquivo mostra bombeiro em área devastada por incêndio no Santuário do Caraça, em Minas Gerais, considerada uma unidade de conservação (Foto: Werner Rudarth/AFP/Arquivo)Foto de arquivo mostra área destruída por incêndio no Santuário do Caraça, em Minas Gerais, considerada uma unidade de conservação (Foto: Werner Rudarth/AFP/Arquivo)
Área destruída
Berlinck cita dados do ICMBio para apontar que o tamanho da área destruída por incêndios em unidades de conservação federais também foi maior em 2012 do que em 2011, mas menor do que há dois anos.
Até 24 de setembro deste ano haviam sido perdidos cerca de 8.500 km² de vegetação, mais do que os 6.000 km² devastados no ano passado. Em 2010, quando a destruição foi maior, 10.650 mil km² de hectares foram atingidos por incêndios. A devastação é ainda maior se forem consideradas as unidades de conservação estaduais, mas não há levantamento preciso para a maioria dos estados, aponta o coordenador do ICMBio.
Mapa divulgado pelo Inpe mostra pontos de incêndio registrados por satélites em diversas partes do Brasil e da América do Sul. (Foto: Divulgação/Inpe)Mapa divulgado pelo Inpe mostra pontos de incêndio
registrados por satélites em diversas partes do Brasil e
da América do Sul (Foto: Divulgação/Inpe)
"É uma questão preocupante, mas não é tão preocupante quando comparada a 2010. Se você pegar dois anos, em 2010 e 2011, houve uma redução grande da área federal atingida por incêndios. Isso demonstra uma maior eficiência dos órgãos federais", diz Berlinck.
Não há como prever se haverá piora nas queimadas nos próximos meses, mas há potencial para isso, aponta o coordenador. Por um lado, unidades de conservação grandes, situadas no Cerrado, estão com risco menor de fogo nos últimos dias. Por outro, áreas de proteção no Amapá e Roraima vão entrar no período de estiagem, o que deve agravar os incêndios. "Elas vão entrar [em estiagem] a partir de outubro, novembro e prosseguir até fevereiro", diz ele.
Berlinck considera que a responsabilidade pelas queimadas deve ser dividida entre todas as instâncias de governo e a sociedade civil. Com o Código Florestal, diz ele, está prevista a criação de uma Política Nacional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, o que deve aumentar os recursos e permitir uma maior articulação governamental para o controle de incêndios.
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