Discussão sobre transferência de tecnologia e financiamento estaria travada. Embaixador Luiz Alberto Figueiredo falou a jornalistas na COP 18, em Doha.
O chefe da delegação brasileira na COP 18, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse nesta terça-feira (4), em coletiva realizada em Doha, no Qatar, que as negociações referentes à prorrogação do segundo período do Protocolo de Kyoto foram aceleradas com a chegada dos ministros de Estado.
Ainda segundo ele, estão sendo realizadas reuniões bilaterais entre blocos de países, como G77+China e o grupo de países-ilha, que contam com a atuação do Brasil como mediador. Ele confirmou que a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, participa das negociações.
Nesta segunda-feira (3), o presidente da COP, Abdullah Bin Hamad Al-Attiyah, convocou o Brasil e a Noruega a fazer consultas com os ministros a fim de tentar desentravar os trabalhos durante o segmento de alto nível, que começou nesta terça.
Figueiredo disse que ainda há duros entraves nas negociações referentes aos instrumentos de financiamento e transferência de tecnologia entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
“Sobre os direitos intelectuais, os países desenvolvidos não querem entrar em acordo, infelizmente. Por isso nós precisamos ser fortes neste tipo de negociação”, afirma.
Ele citou que é preciso esclarecer melhor detalhes sobre o financiamento a longo prazo, baseado no plano desenhado em Copenhague, durante a COP 15, que prevê a partir de 2013 um "fundo climático" de até US$ 100 bilhões em 2020.
“Temos que pensar em como desenvolver os meios de implementação. Este assunto ainda é muito sensível, mas precisa ser resolvido”, disse
Cobrança de mais atitude na abertura
Na abertura oficial do segmento de alto nível, realizada mais cedo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou a importância de todas as regiões do mundo exercerem um papel importante na crise climática. “Os sinais de perigo estão em todos os lugares (...) ninguém está imune à mudança climática, [países] ricos ou pobres”.
Na abertura oficial do segmento de alto nível, realizada mais cedo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou a importância de todas as regiões do mundo exercerem um papel importante na crise climática. “Os sinais de perigo estão em todos os lugares (...) ninguém está imune à mudança climática, [países] ricos ou pobres”.
Ban disse que o problema é coletivo, portanto, todos devem ter a solução. “Qualquer adiamento significa um estrago maior no futuro”, enfatiza o secretário, citando a negociação sobre a prorrogação do Protocolo de Kyoto, acordo global que obriga países desenvolvidos a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e que expira no fim deste mês. “O Protocolo é uma base para avançarmos. Sua continuação em 1º de janeiro de 2013 irá mostrar que os governos estão comprometidos”, disse.
“Nós temos os recursos financeiros e tecnológicos para encarar este desafio. É imperativo que ajamos agora, com urgência e um objetivo claro. Cuidar da mudança climática é essencial para o desenvolvimento sustentável. Vamos provar paras as próximas gerações que temos a visão para saber para onde precisamos ir e a ação para chegar lá”, complementa Ban Ki-moon.
Kyoto 2.0
O Protocolo de Kyoto, criado em 1997, obriga nações desenvolvidas a reduzir suas emissões em 5,2%, entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990.
O Protocolo de Kyoto, criado em 1997, obriga nações desenvolvidas a reduzir suas emissões em 5,2%, entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990.
Segundo negociadores brasileiros ouvidos pelo G1, o segundo período, tratado pelos diplomatas como “Kyotinho” ou “Kyoto 2” passará a vigorar a partir de janeiro de 2013. No entanto, as regras criadas em 1997 serão alteradas.
A prorrogação do atual plano foi oficialmente registrada no fim de 2011, em troca da promessa de se criar um novo acordo global que envolveria todos os países, planejado para entrar em vigor em 2020.
Em uma primeira dimensão simbólica, Kyoto 2 deverá cobrir apenas 15% das emissões globais de gases de efeito estufa, os da União Europeia e da Austrália, já que o Canadá abandonou o protocolo e a Rússia e Japão não querem uma segunda etapa. A Austrália quer reduzir as suas emissões em 5% e a UE, em 20% até 2020.
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